Governo distribui cargos no Incra a aliados políticos

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Ao menos 8 dos 10 indicados para ocupar superintendências têm deputados como padrinhos; secretário de Assuntos Fundiários vê ‘sintonia’ com parlamentares

Renato Onofre, O Estado de S. Paulo

01 de agosto de 2019 | 05h19

O governo de Jair Bolsonaro distribuiu cargos no Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) a indicados políticos de parlamentares. Dos dez escolhidos para comandar superintendências regionais desde o início do mês, ao menos oito têm como padrinhos deputados federais. Outros dois foram indicados por prefeitos da região e entidades de classe.

“Tem uma sintonia entre governo e parlamentares”, afirmou ao Estado Nabhan Garcia, secretário especial de Assuntos Fundiários, que admite que as nomeações atendem a pedidos de bancadas e líderes de partidos na Câmara, mas nega o “toma lá, dá cá”.

“O que não tem é o ‘me arruma uma indicação e eu te dou isso ou aquilo’. Como eu vou conhecer a fundo o perfil de quem está na Paraíba, em Pernambuco, no Rio Grande do Norte? Quem está em Brasília não conhece. Então, às vezes, a gente pergunta: ‘Tem algum nome bom para indicar?”, disse Garcia.

Nabhan Garcia

Nabhan Garcia diz que nomeações atendem a pedidos, mas sem o ‘toma lá, dá cá’ Foto: Jake Spring/Reuters

É pelo Incra que passam todos os processos de regularização fundiária do País, uma das metas do atual governo. No total, são 30 superintendências – uma por Estado, com exceção do Pará, que possui três, e Pernambuco, com duas.

Os cargos no instituto são cobiçados por parlamentares porque cada superintendência tem autonomia para definir, além dos assentamentos, onde serão aplicados os recursos e outras questões agrárias. Com um aliado no comando, é mais fácil ao deputado influenciar em decisões que afetam seu reduto eleitoral, por exemplo.

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