Retornamos tratamento equilibrado às questões do Oriente Médio', diz Bolsonaro ao chegar a Israel

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Por Felipe Turioni, G1 — São Paulo

 


Bolsonaro é recebido em Tel Aviv pelo premiê israelense Benjamin Netanyahu — Foto: REUTERS/Ronen ZvulunBolsonaro é recebido em Tel Aviv pelo premiê israelense Benjamin Netanyahu — Foto: REUTERS/Ronen Zvulun

Bolsonaro é recebido em Tel Aviv pelo premiê israelense Benjamin Netanyahu — Foto: REUTERS/Ronen Zvulun

O presidente Jair Bolsonaro chegou a Israel na madrugada deste domingo (31) para visita oficial de quatro dias e afirmou que pretende fortalecer a parceria do Brasil com os israelenses.

“Felizmente retornamos o tratamento equilibrado às questões do Oriente Médio”, discursou Bolsonaro durante cerimônia de boas-vindas, em Tel Aviv, ao lado do premiê Benjamin Netanyahu – um de seus principais aliados externos.

“Meu governo está firmemente decidido a fortalecer a parceria entre Brasil e Israel. A amizade entre nossos povos é histórica. Tivemos um momento de afastamento, mas Deus sabe o que faz, e voltamos”, disse B

GloboNews: Jair Bolsonaro inicia visita de quatro dias a Israel

GloboNews: Jair Bolsonaro inicia visita de quatro dias a Israel

“A cooperação nas áreas de segurança e defesa também interessa muito ao Brasil. Eu e meu amigo Netanyahu pretendemos aproximar nossos povos, nossos militares, nossos estudantes, nossos cientistas, nossos empresários e nossos turistas”.

Bolsonaro agradeceu a presença de Netanyahu, a quem também chamou de irmão, na sua cerimônia de posse no início do ano. “Foi a primeira visita de um chefe de governo israelense ao meu país.”

O presidente ainda disse que a ajuda do Exército de Israel no resgate às vítimas da tragédia da Vale em Brumadinho foi uma “inequívoca” demonstração de solidariedade. “Esse gesto jamais será esquecido”, disse Bolsonaro.

Bolsonaro faz discurso após desembarcar em Israel
G1 Política

 

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Íntegra: Bolsonaro faz discurso após desembarcar em Israel

Íntegra: Bolsonaro faz discurso após desembarcar em Israel

Impacto eleitoral e denúncias de corrupção

A visita de Bolsonaro ao premiê israelense ocorre às vésperas de eleições convocadas para 9 de abril, nas quais é possível que Netanyahu, líder do partido de direita Likud, deixe o poder. O parlamento de Israel aprovou a própria dissolução em dezembro, antecipando a votação que deveria ocorrer até novembro de 2019.

A convocação de eleições foi interpretada como uma manobra do premiê contra desdobramentos de denúncias de corrupção. Entre elas estão a suspeita de ter usado seus poderes no ministério das Comunicações para obter cobertura favorável de veículos da imprensa, de ter recebido favorecimento ilícito na compra de submarinos da Alemanha e ainda de ter recebido presentes caros de empresários.

A imprensa local aponta que a visita do líder brasileiro tem sido usada para “impulsionar” a campanha de Netanyahu, destacando que o premiê faz da agenda oportunidade para mostrar seu poder de influência junto ao Brasil que, até então, era visto como pró-Palestina e às vezes até mesmo pró-Irã, de acordo com veículos de mídia israelense. (Em 2014, Brasil chegou a chamar de “inaceitável” a violência em Gaza e convocou o embaixador. Em resposta, Israel chamou o país de “anão diplomático“.)

O senador Flávio Bolsonaro, filho do presidente, foi perguntado pelo correspondente Rodrigo Alvarez, da TV Globo, sobre o possível uso eleitoral da visita realizada dias antes do pleito. “Foi uma coincidência. (A viagem) é uma prioridade para o Brasil e um marco importante”, disse Flávio Bolsonaro.

Flávio Bolsonaro nega que presidente esteja sendo usado para campanha de Netanyahu
Jornal Globo
Flávio Bolsonaro nega que presidente esteja sendo usado para campanha de Netanyahu

Flávio Bolsonaro nega que presidente esteja sendo usado para campanha de Netanyahu

Se for reeleito pela quinta vez, Netanyahu vai superar o recorde de permanência no cargo do fundador do Estado de Israel, David Ben-Gurion. O governo de Netanyahu permaneceu ativo desde a dissolução do parlamento, mas não pode tomar decisões que exijam o consentimento dos congressistas, como o voto de novas leis.

A ida a Israel é uma retribuição à visita do premiê israelense ao Brasil, em janeiro, para participar da solenidade de posse do presidente brasileiro. Na primeira visita oficial de um primeiro-ministro de Israel ao Brasil, Netanyahu visitou o Pão de Açúcar e chegou a jogar futebol com banhistas na praia de Copacabana, no Rio de Janeiro.

Na ocasião, Bolsonaro e Netanyahu tiveram um encontro no qual reafirmaram a intenção de estreitar os laços entre os dois países e fazer parcerias em diversos setores. O israelense chamou o brasileiro de “grande amigo”, “grande aliado” e “grande irmão”.

Bolsonaro é recebido em Tel Aviv pelo premiê israelense Benjamin Netanyahu — Foto: REUTERS/Ronen ZvulunBolsonaro é recebido em Tel Aviv pelo premiê israelense Benjamin Netanyahu — Foto: REUTERS/Ronen Zvulun

Bolsonaro é recebido em Tel Aviv pelo premiê israelense Benjamin Netanyahu — Foto: REUTERS/Ronen Zvulun

Possível transferência de embaixada

A agenda de Bolsonaro em Israel prevê compromissos em Tel Aviv e em Jerusalém. As duas cidades estão no centro de uma polêmica envolvendo a embaixada brasileira no país. Em Jerusalém, na segunda-feira (1º), ele visitará o Muro das Lamentações, local sagrado para os judeus.

Bolsonaro declarou no ano passado, após vencer a eleição presidencial, que pretendia transferir a embaixada brasileira de Tel Aviv para Jerusalém, a exemplo do que fez o presidente norte-americano, Donald Trump. Após três meses de governo, a mudança ainda não foi oficializada.

Com a medida, o Brasil reconheceria Jerusalém como capital de Israel, o que suscitou o receio de retaliações comerciais de países árabes, grandes compradores de carne bovina e de frango do Brasil.

Israel considera Jerusalém a “capital eterna e indivisível” do país. Mas os palestinos não aceitam e reivindicam Jerusalém Oriental como capital de um futuro Estado palestino. A comunidade internacional não reconhece a reivindicação israelense de Jerusalém como sua capital indivisível.

Após a polêmica declaração, o governo brasileiro tem adotado um tom de cautela ao falar sobre o assunto. Em diversas ocasiões, o porta-voz da Presidência, Otávio Rêgo Barros, disse que o governo estuda o assunto, e não deve anunciar nenhuma medida nesse sentido na visita oficial a Israel.

Bolsonaro também deve visitar uma comunidade de brasileiros estabelecida na cidade de Raanana.

Agenda da viagem e comitiva

O avião com a comitiva brasileira pousou em Tel Aviv pouco antes das 4h, e Bolsonaro foi recebido por Netanyahu com uma cerimônia oficial ainda no aeroporto internacional Ben Gurion. No 1º dia da viagem, Bolsonaro terá uma série de compromissos com o premiê israelense, entre os quais reunião privada, assinatura de acordos bilaterais e uma declaração conjunta à imprensa. À noite, Netanyahu vai oferecer um jantar ao colega brasileiro, que ficará em Israel até quarta-feira (3).

A viagem a Israel é o quarto compromisso oficial de Bolsonaro no exterior desde que assumiu a Presidência. Antes de ir ao Oriente Médio, ele já viajou para a Suíça, os Estados Unidos e o Chile.

A comitiva presidencial é formada pelos ministros Ernesto Araújo (Relações Exteriores), Bento Albuquerque (Minas e Energia), Marcos Pontes (Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações) e Augusto Heleno (Gabinete de Segurança Institucional).

Também viajaram para Israel com o presidente da República os senadores Flávio Bolsonaro (PSL-RJ) – filho mais velho de Jair Bolsonaro –, Chico Rodrigues (DEM-RR) e Soraya Thronicke (PSL-MS), além da deputada Bia Kicis (PSL-DF).

Veja abaixo a programação completa da visita de Jair Bolsonaro a Israel:

Domingo

(agenda baseada no horário local, seis horas à frente de Brasília)

  • 13h – Almoço privado
  • 17h – Reunião privada com o primeiro-ministro de Israel
  • 18h – Cerimônia de assinatura de acordos nas seguintes áreas: Ciência e Tecnologia, Defesa, Segurança Pública, Saúde e da Medicina (a confirmar).
  • 19h10 – Chegada à residência do primeiro-ministro
  • 19h15 – Declaração conjunta à imprensa do presidente Jair Bolsonaro e do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu
  • 19h45 – Jantar oferecido pelo primeiro-ministro de Israel
  • 20h – Jantar oferecido pelo ministro de Energia de Israel, Yuval Steinitz, aos ministros integrantes da delegação brasileira

Segunda-feira

  • 09h30 – Visita à Unidade de Contraterrorismo da polícia israelense
  • 09h40 – Demonstração de emprego da Unidade de Contraterrorismo da polícia israelense
  • 11h10 – Visita à Brigada de Busca e Salvamento do Comando da Frente Interna de Israel
  • 11h15 – Cerimônia de condecoração da Brigada de Busca e Salvamento do Comando da Frente Interna de Israel com a Insígnia da Ordem Nacional do Cruzeiro do Sul
  • 12h20 – Almoço privado
  • 16h50 – Chegada ao Muro das Lamentações

Terça-feira

  • 08h30 – Café da manhã com CEOs de startups israelo-brasileiros
  • 10h – Cerimônia de abertura do encontro empresarial Brasil-Israel
  • 10h50 – Visita à exposição de produtos de empresas de inovação
  • 11h40 – Visita ao Centro Industrial Har Hotzvim e à Mobileye
  • 12h30 – Almoço com empresários
  • 15h45 – Visita ao Yad Vashem, Centro de Memória do Holocausto
  • 15h50 – Visita à Exposição “Flashes of Memory – Fotografia durante o Holocausto”
  • 16h10 – Cerimônia de oferenda floral
  • 16h35 – Visita ao Bosque das Nações
  • 16h45 – Cerimônia alusiva ao plantio de muda de oliveira no Bosque das Nações
  • 19h – Jantar privado

Quarta-feira

  • 09h30 – Chegada à cidade de Raanana
  • 09h40 – Visita à comunidade de brasileiros estabelecida na cidade
  • 11h20 – Chegada ao Aeroporto Internacional Ben Gurion
  • 11h40 – Partida de Tel Aviv para Las Palmas
  • 14h50 – Chegada a Las Palmas
  • 16h20 – Partida de Las Palmas para Brasília
  • 20h40 – Chegada a Brasília

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