Onde você estava quando os Mamonas Assassinas morreram? A grande maioria das pessoas com idade suficiente para isso consegue voltar no tempo e dizer o que fazia há exatos 20 anos, quando estourou a notícia que um acidente aéreo colocou fim de forma precoce na principal banda do cenário musical daquele momento. O estado de luto tomou conta do Brasil e não foi para menos. Eram cinco jovens no auge, cheios de energia e boas ideias, sedentos para ganhar o País.
Passados 20 anos, nenhuma outra banda conseguiu se destacar no cenário musical com a mesma irreverência e ousadia do grupo de Guarulhos, na Grande São Paulo. Vários fatos podem explicar o fenômeno, mas, talvez o principal deles, é que a nossa sociedade não é mais a mesma.
Cantando coisas, muitas vezes, proibidas para menores, eles faziam o maior sucesso entre as crianças. E os pais curtiam junto. A banda era um grito de “não se leve tão a sério” e, por isso mesmo, era universal.
20 lições que aprendemos com os Mamonas Assassinas
O mundo mudou. Quando os Mamonas estouraram, nem o Orkut existia. Hoje, a patrulha do politicamente correto faria campanha contra o Sabão Crá Crá, que não deixa os cabelos das partes baixas enrolarem. Afinal, devemos honrar nossos cachos. A letra de Pelados em Santos seria acusada de apologia ao assédio sexual e Vira-Vira seria o mais combativo exemplo de relacionamento abusivo. Só se salvaria o Robocop Gay, que pedia para as pessoas abrirem sua mente.
É verdade também que é difícil de prever quanto tempo duraria o sucesso da banda e o que eles fariam para se reinventar e manter o estrelato. Mas, também é fato que, até hoje, as músicas lançadas pelo grupo ainda atraem uma multidão em qualquer festa.
Veja quais são as músicas mais tocadas dos Mamonas Assassinas nos últimos 20 anos
Outro ponto é que, no meio da década de 90, não era tão fácil assim fazer sucesso. Na era pré-YouTube, para ganhar fama ainda se batia de porta em porta e implorava pela atenção das gravadoras. A concorrência na mídia, claro, ficava menor.
É o Tchan
O auge dos Mamonas coincidiu com outro marco dos anos 90: o É o Tchan. Quando a banda cômica sai de cena, deixa o caminho livre para a Dança do Bumbum e seus derivados. A música trocou os pijamas, pantufas e fantasias por shortinhos cada vez menores. A erotização deixou de ser algo irreverente e quase inocente e virou um “tu tu tu pá”. Do axé, veio o funk, depois um pouco do pagode e voltamos à predominância do sertanejo, onde seguimos até hoje.
Talvez o próprio rumo que a música seguiu seja um dos responsáveis pela seriedade como encaramos determinados temas hoje. O tapinha que não dói foi criticado, Compadre Washington não diz mais “ordinária” e músicas que não respeitem o direito à igualdade não têm vez. Ou seja, a história do marido que ri da cara da mulher que foi parar sem querer na orgia e acabou abusada, jamais seria um hit tão tocado em rádios e programas de TV.
Resumindo: os Mamonas Assassinas foram geniais e mereceram todo o sucesso que fizeram, mas não podem ser vistos com os olhos da sociedade de hoje. As referências que o grupo deixou na música são poucas, mas ficou a lição de que saber fazer as pessoas rirem é marcar o coração delas para sempre.
Fonte: R7