Governador do Ceará diz que 21 presos foram transferidos após ataques e defende endurecer medidas contra celular em presídios

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Governador do Ceará diz que 21 presos foram transferidos após ataques e defende endurecer medidas contra clular em presídios

Por G1 CE

 

Camilo Santana fala sobre os desafios de governo no Ceará e ataques criminosos no estado

Camilo Santana fala sobre os desafios de governo no Ceará e ataques criminosos no estado

O governador Camilo Santana (PT) afirmou nesta quarta-feira (9) que 21 presos de facções criminosas que atuam no Ceará foram transferidos para presídios federais, após uma onda de ataques que atinge o estado há uma semana. A medida já havia sido anunciada.

Santana também disse, em entrevista à GloboNews, que o governo vai endurecer as medidas contra a entrada de celulares nas unidades prisionais. Segundo ele, os ataques criminosos são uma reação a uma “ação forte que o governo está realizando dentro do sistema prisional” e o governo não vai recuar. “Vamos endurecer ações dentro do sistema e fora do sistema.”

Até a madrugada desta quarta-feira, foram confirmados 167 ataques em 42 dos 184 municípios cearenses. Os criminosos incendiaram ônibus, transportes escolares, prédios públicos e comércios na capital e no interior. A Secretaria da Segurança Pública do Ceará informou que 185 suspeitos de participação nos crimes foram detidos.

De acordo com o governador, líderes de facções criminosas que estavam presos no Ceará foram transferidos para presídios federais em outros estados. O governo federal já havia oferecido 60 vagas para receber criminosos do Ceará. “Já foram transferidos 21 presos e nós já estamos trabalhando, inclusive, para realizar novas transferências de presos para presídios federais”, afirmou.

Entenda o que está acontecendo no Ceará

  • O governo criou a secretaria de Administração Penitenciária e iniciou uma série de ações para combater o crime dentro dos presídios.
  • O novo secretário, Mauro Albuquerque, coordenou a apreensão de celulares, drogas e armas em celas. Também disse que não reconhecia facções e que o estado iria parar de dividir presos conforme a filiação a grupos criminosos.
  • Criminosos começaram a atacar ônibus e prédios públicos e privados. As ações começaram na Região Metropolitana e se espalharam pelo interior ao longo da semana.
  • O governo pediu apoio da Força Nacional. O ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro, autorizou o envio de tropas.
  • A população de Fortaleza e da Região Metropolitana sofre com interrupções frequentes no transporte público, com a falta de coleta de lixo e com o fechamento do comércio.

Ações nos presídios

À GloboNews, Santana disse que o governo está mudando a política de controle e segurança, principalmente para evitar a comunicação dos detentos com as ruas. E afirmou ainda que o maior rigor no sistema penitenciário faz parte de um plano trabalhado em três eixos na área da segurança pública: fortalecimento policial, com mais de 10 mil profissionais contratados; reforma das unidades prisionais; e a criação de uma secretaria exclusiva para administrar os presídios.

“Dobrei o número de agentes penitenciários, e agora no fim do ano tomei a decisão de que era uma área que precisava de uma intervenção mais forte do Estado. A verdade é que temos leis muito frouxas hoje no Brasil. Infelizmente, a polícia prende o bandido, mas ele continua a comandar o crime de dentro do presídio. O que eu estou fazendo é cumprir a lei dentro dos presídios”, disse.

Desde o início da onda de violência, 191 detentos foram autuados pelos crimes de desobediência, resistência e motim dentro das unidades prisionais do estado. Os indiciamentos ocorreram nas casas de detenções do complexo prisional de Itaitinga, na Região Metropolitana de Fortaleza. Mais de 600, drogas e armas foram apreendidas nas cadeias e presídios do estado.

Veículos públicos e particulares foram incendiados por criminosos no Ceará.  — Foto: SVM

Veículos públicos e particulares foram incendiados por criminosos no Ceará. — Foto: SVM

Motivação dos ataques

Os atentados começaram após uma fala do novo titular da Secretaria de Administração Penitenciária do estado, Luís Mauro Albuquerque, que afirmou que iria acabar a entrada de celulares nos presídios e encerrar a divisão de presos nas detenções conforme a facção criminosa a que pertencem.

O secretário da Segurança Pública do Ceará, André Costa, afirmou que a nomeação do novo gestor das unidades prisionais motivou o início dos ataques. Em pichações em prédios públicos e residências, os criminosos pedem a saída de Mauro Albuquerque. “A criminalidade já conhecia o trabalho dele”, afirmou André Costa.

Seremos ‘duros’ contra o crime

O governador do Ceará comunicou ainda que o estado “se preparou para o onda criminosa” e garantiu que será “duro” com a criminalidade dentro e fora dos presídios. O chefe do executivo comentou durante a entrevista que o momento difícil que o estado passa, devido à série de atentados, é “necessário” para garantir a segurança no futuro.

“Nós nos preparamos para este momento, não é à toa que você não vê nenhum problema no sistema prisional do Ceará. Não há nenhuma rebelião, e estamos transferindo presos, tirando a comunicação. A reação tem sido toda aqui fora e temos colocado todas as Forças de Segurança para garantir a segurança. São momentos duros, mas necessários para garantir, a médio e longo prazo, um estado melhor, mais seguro, com menos violência para a população cearense”, comentou.

Camilo Santana afirmou que o estado segue realizando ações de combate ao crime — Foto: SSPDS/DivulgaçãoCamilo Santana afirmou que o estado segue realizando ações de combate ao crime — Foto: SSPDS/Divulgação

Camilo Santana afirmou que o estado segue realizando ações de combate ao crime — Foto: SSPDS/Divulgação

Serviços públicos

Santana acrescentou que a polícia trabalha hoje com o objetivo de garantir à população os serviços públicos básicos, como o transporte e a coleta de lixo. Ele disse mais de 1.200 policiais estão nas ruas para realizar a segurança dos coletivos. O governador acrescentou que foi criado um grupo de ações com representantes do estado e da prefeitura para acompanhar a situação nas ruas.

“Criamos um gabinete de situação, que tem a participação da Prefeitura de Fortaleza, para garantir também um acompanhamento da coleta de lixo, dos serviços de energia e de água para a população. Sei que é um momento difícil para a população, mas é importante colocar para a população brasileira que essa é uma reação à ação forte que o Governo do Estado está tendo dentro do sistema prisional”, destacou à GloboNews.

Na terça-feira (8), o governador se reuniu com a cúpula da Segurança Pública do Estado para traçar ações contra a criminalidade. As investigações estão concentradas na Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas (Draco). “Depois de me reunir com a cúpula da segurança durante a manhã, circulei pelas ruas de Fortaleza durante a tarde para conversar com nossos policiais, que têm sido guerreiros no combate ao crime”, disse Camilo Santana.

Força Nacional reforça a segurança no Ceará após série de ataques criminosos — Foto: Thiago Gadelha/Sistema Verdes MaresForça Nacional reforça a segurança no Ceará após série de ataques criminosos — Foto: Thiago Gadelha/Sistema Verdes Mares

Força Nacional reforça a segurança no Ceará após série de ataques criminosos — Foto: Thiago Gadelha/Sistema Verdes Mares

Reforço na segurança

Após os ataques no Ceará, 300 agentes da Força Nacional foram enviados ao estado na sexta-feira (4), e começaram a atuar no dia seguinte. Os ataques permaneceram, e o Ministério da Justiça anunciou o envio de mais 200 agentes.

A Força Nacional atua principalmente em Fortaleza e Região Metropolitana, que concentram cerca de 80% dos ataques. Eles formam blitze em “vias estratégicas”, já que a maior parte dos ataques são cometidos por criminosos em veículos.

A Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS) informou que já capturou 185 pessoas por envolvimento nos atos criminosos. Desse número, foram 156 adultos presos e 29 adolescentes apreendidos. Pelo menos 80 envolvidos foram capturados após a chegada da Força Nacional no estado.

O governador Camilo Santana também pediu apoio ao governador da Bahia, Rui Costa, que enviou 100 policiais militares ao Ceará. Agentes das polícias dos estados de Santa Catarina, Pernambuco e Piauí também serão enviados para reforçar a segurança.

Além disso, o governo do estado nomeou 373 novos policiais militares, que haviam sido aprovados no concurso público e passaram pela formação. Uma nova turma de 220 agentes penitenciários também recebeu a nomeação, antes prevista para o mês de março.

Ceará registra ações criminosas durante uma semana — Foto: Infográfico: Juliane Monteiro/G1Ceará registra ações criminosas durante uma semana — Foto: Infográfico: Juliane Monteiro/G1

Ceará registra ações criminosas durante uma semana — Foto: Infográfico: Juliane Monteiro/G1

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