Motivo da saída do general reformado Maynard Santa Rosa não foi divulgado. Em 2010, ele foi exonerado do governo Lula por criticar Comissão da Verdade.
Por Mateus Rodrigues, TV Globo — Brasília
Santa Rosa discursa em cerimônia no Planalto. Sentados, o então ministro Gustavo Bebianno (ao centro) e o ministro do GSI, general Heleno — Foto: Cléverson Oliveira Secretaria-Geral/Presidência da República
O secretário de Assuntos Estratégicos da Presidência da República, general Maynard Marques de Santa Rosa, pediu demissão do cargo nesta segunda-feira (4). Segundo apurou a TV Globo, o militar colocou o cargo à disposição sem declarar o motivo.
A Secretaria de Assuntos Estratégicos é subordinada à Secretaria-Geral da Presidência, atualmente comandada pelo ministro Jorge Oliveira. Na agenda de Maynard, nesta segunda, constou apenas uma reunião com Oliveira às 10h30 – horas antes da entrega do cargo.
Segundo decreto publicado em agosto, compete à Secretaria de Assuntos Estratégicos “subsidiar a discussão das opções estratégicas do País” e “formular marcos referenciais de cunho estratégico para os interesses nacionais”, entre outras missões.
Santa Rosa estava no cargo desde janeiro, quando a Secretaria-Geral era comandada pelo ex-ministro Gustavo Bebianno (PSL). Quando Bebianno foi demitido, o general de quatro estrelas Maynard Santa Rosa chegou a ser cotado para assumir a Secretaria-Geral.
O presidente Jair Bolsonaro, no entanto, nomeou o general de três estrelas Floriano Peixoto, de patente militar mais baixa. Na época, o colunista do G1 e da Globo News Gerson Camarotti apontou que a inversão das hierarquias tinha gerado impasse na pasta.
Floriano Peixoto comandou a Secretaria-Geral de fevereiro a junho, quando assumiu a presidência dos Correios. Desde então, o cargo é ocupado por Jorge Oliveira.
Segundo biografia divulgada pelo Palácio do Planalto, o hoje reformado general Maynard Santa Rosa passou 49 anos na ativa do Exército, após se formar na Academia Militar das Agulhas Negras – a mesma de Jair Bolsonaro.
Críticas à Comissão da Verdade
Em 2010, Santa Rosa foi exonerado da chefia do Departamento Geral de Pessoal do Exército pelo então ministro da Defesa do governo Lula, Nelson Jobim. A demissão foi motivada por uma carta em que Maynard Santa Rosa classificava a Comissão da Verdade como “comissão da calúnia”.
O relatório final da Comissão Nacional da Verdade, publicado no fim de 2014, apontou 377 pessoas como responsáveis diretos ou indiretos pela prática de torturas e assassinatos durante a ditadura militar, de 1964 e 1985.